- O personagem Malba Tahan
No início do século, era bastante difícil de os autores nacionais conseguirem
publicar qualquer coisa: os livreiros e os donos de jornais tinham medo de ficar no prejuízo.
Assim, procurando-se lançar-se como escritor, Mello e Souza resolveu criar
uma figura exótica e estrangeira, o Malba Tahan , e
passar como tradutor dos contos e livros desse.
Ao ler os Contos das Mil e Uma Noites, ainda menino, havia apaixonado-se pela
cultura árabe. Partindo desse conhecimento, e melhorando-o com outras leituras e
inclusive curso de árabe, construiu seu personagem. Sua criação era uma
rara figura: nascido em 1885 na
Arábia Saudita, já muito moço fora nomeado prefeito de El Medina pelo emir;
depois, foi estudar em Istanbul e Cairo; aos 27 anos, tendo recebido grande
herança do pai, saiu em viagem de aventuras pelo mundo afora: Rússia, India
e Japão. Em cada aventura, Malba Tahan sempre acabava envolvendo-se com algum
engenhoso problema matemático, que resolvia magistralmente.
O sucesso dessa idéia de Mello e Souza foi imediato e ele acabou escrevendo dezenas de livros para
seu Malba Tahan : A Sombra do Arco-Iris (seu livro predileto), Lendas do Deserto,
Céu de Allah, etc, etc e o muito famoso O Homem que Calculava
( que além de
ter sido traduzido para várias línguas, vendeu mais de 2 milhões de exemplares
só no Brasil e está na 42a edição ).
Hoje, o valor pedagógico dessa obra é reconhecido até internacionalmente. Não
menos meritória de aplausos é a criatividade entretenedora dos livros de
Mello e Souza; o grande escritor Jorge Luiz Borges colocava-os
entre os mais notáveis livros da Humanidade.
- O Professor Mello e Souza
Além de produzir essa vasta obra literária ( Malba Tahan ), Mello e Souza
encontrou tempo para escrever vários livros de Matemática e Didática da Matemática.
- sozinho:
Geometria Analítica, Trigonometria Hiperbólica, Funções Moduladas, etc
- com colaboradores:
Irene de Albuquerque, Euclides Roxo, J. Paes Leme, etc
Podemos destacar os seguintes aspectos de sua obra didática:
- foi um crítico severo da didática usual dos cursos de matemática da primeira
metade deste século ( conta-se episódios de violentas discussões que travou
em congressos e conferências )
- foi um pioneiro
- no uso didático da História da Matemática
- na defesa de um ensino baseado na resolução de problemas não-mecânicos
- na exploração didática das atividades recreativas e no uso de material
concreto no ensino da Matemática
Não podemos deixar de mencionar que foi um dos primeiros a explorar a possibilidade
do ensino por rádio e televisão. Lamentamos, por outro lado, sua insistência em
divulgar idéias associadas à Numerologia.
- Escolas onde atuou
Provavelmente deve seu interesse pelo ensino ao pai e mãe, ambos professores de
primeiro grau. Começou a lecionar cedo: aos 18 anos, ensinava nas turmas
suplementares no Colégio D. Pedro II .
Os cargos mais importantes que teve foram:
- catedrático na escola Nacional de Belas Artes
- catedrático na Faculdade Nacional de Arquitetura
- catedrático no Instituto de Educação do RJ ( ex Escola Normal do RJ )
- Museu Malba Tahan
Está para ser inaugurado na cidade paulista de Queluz, onde Mello e Souza
viveu sua infância. Após sua morte, sua família doou para essa cidade todo o
acervo de Malba Tahan ( biblioteca, documentos, objetos pessoais, etc ).
- Dia da Matemática
Ficamos sabendo, através do
Prof. António J. Lopes Bigode, que a Assembléia Legislativa
do Estado do Rio de Janeiro - comemorando o centenário do nascimento de
Mello e Souza em 6 de maio de 1995 - criou o
Dia da Matemática, a ser celebrado todos os 6 de maio.
- Teatro baseado em Malba Tahan
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- Referências
- depoimento de Mello e Souza ao Museu da Imagem e Som
- Maria T. Calheiros-Malba Tahan. Jornal Leitura, SP ,1991
- O Prof. Marcelo Ribeiro tem, na Internet, um site
dedicado a Malba Tahan, o qual contém uma bibliografia completa da obra de
Mello e Souza, bem como outros detalhes biográficos.
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