O Rio vai se tornar a capital mundial da ciência nos dias 12 e 13 de maio
( 1 999 ),
por ocasião da Conferência Internacional sobre as Fronteiras da Matemática.
O encontro será realizado no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA),
localizado na Rua Dona Castorina 110, Jardim Botânico. O evento está sendo
patrocinado pela União International de Matemática, (IMPA) e pelo Ministério
da Ciência e Tecnologia (MCT) ao qual o instituto está subordinado.
"Esta será uma oportunidade ímpar para brasileiros e latino-americanos, pois
aqui estarão alguns dos maiores pesquisadores de matemática da atualidade.
Eles vão discutir programas, projetos e conferências a serem desenvolvidos
nos próximos dois anos em todo mundo. Além disso, farão palestas elucidativas
para uma platéia, que esperamos chegar a uma 200 pessoas, sobre as suas
áreas de competência", destaca o diretor do IMPA, Jacob Palis.
"Nós já estamos até preparando projetos conjuntos do IMPA com a União
Internacional de Matemática. Um deles é a realização, talvez em julho ou
agosto do próximo ano, do 1º Congresso Latino-americano de Matemática, aqui
mesmo no Rio", adianta, sonhando com maior apoio das autoridades e por um
aumento no intercâmbio entre os pesquisadores da América Latina.
Agenda inclui "teoria do caos"
Para a conferência prevista para maio, Palis destaca os principais temas a
serem abordados. Um deles é sobre a Teoria do Caos. "Isso é importante, até
filosoficamente, pois é quando se procuram respostas para o que vai acontecer
no futuro, envolvendo graus de incertezas. Há quem diga que é fácil achar um
ponto de equilíbrio futuro para tudo que estiver no mundo, o que não é
verdade. A resposta não é tão simples como parece", explica.
Outro tópico a ser abordado é o de otimização, como, por exemplo, a melhoria
implantada nos transportes em Berlim. Há o problema de visão (reconhecimento
de imagens, via computação gráfica), considerado da maior importância para
os matemáticos.
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Palis lembra também os estudos sobre geometria. "Isso tem a
ver com a maneira como descrevemos objetos matemáticos no espaço, e suas
aplicações na Física, como a Teoria da Relatividade", diz.
Outro tema em análise será o dos modelos matemáticos.
"Os gregos acreditavam que todos os fenômenos da natureza (som, música e
movimentos dos astros) poderiam ser modelados por equações matemáticas ( ou
a Mecânica Celeste). Isso servia até para a dinâmica dos fluidos, caso dos
rios e cachoeiras, em que, de repente, o movimento fica turbulento, como no
caso de redemoinhos. Acontece que, às vezes, temos que ter respostas
aproximadas para estes fenômenos, fato que também se liga à Teoria do Caos",
assegura o diretor do IMPA.
Sete convidados muito especiais
Os nomes de sete convidados dão o tom do valor da conferência: V. Arnold, do Steklov Institut da Rússia. Ele é especialista em mecânica celeste e movimento dos astros, e faz pesquisas para descobrir se os planetas ficarão eternamente nas órbitas ou se podem vir a se descolar delas
um dia delas; J. M. Bismut, da Universidade de Paris, falará sobre fenômenos da natureza com grau de incerteza, como transformações de água em gelo ou gás em água.
Outro representante aguardado é S. Donaldson, do Imperial College, da Inglaterra, que recebeu, em 86, a Medalha Fields, equivalente ao Prêmio Nobel, por seus trabalhos na área de geometria, sobre os quais falará no Rio. O sueco B. Engquist mostrará o uso do computador para aproximar soluções de respostas e problemas matemáticos, caso da dinâmica de fluídos e tomografias (que número é capaz de detectar um tumor, etc).
M. Groetschel virá da Alemanha, onde é editor de nove jornais científicos, especialista em otimização, sendo o autor de um trabalho para melhorar o tráfego em Berlim, com o qual obteve o maior sucesso. Mais dois nomes importantes: o japonês S. Mori, da Universidade de Kyoto, vencedor da Medalha Fields em 1990, por classificar curvas e superfícies no espaço; e D. Mumford, da Universidade Brown, nos Estados Unidos. Ele também ganhou a Medalha Fields, por seu trabalho em computação gráfica.
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