Cândido Mariano da Silva RONDON |
- Educação
Nasceu em família de modesto fazendeiro, no antigo estado de Mato Grosso. Ao contrário do que é frequentemente afirmado, e talvez sugiram suas fotografias de tempos de velhice, não é filho de índios. Tinha, é verdade, algum sangue indígena por parte das bisavós paterna ( guaná ) e materna ( borôro e terena ).
Órfão aos 2 anos, foi criado e educado por um tio do qual adotou o sobrenome Rondon
Tomou o caminho usual, na época, para os filhos de famílias pobres que desejavam educação de terceiro grau: veio para o Rio de Janeiro para ingressar na Escola Militar. Lá, além dos estudos serem gratuítos, os alunos da escola recebiam - desde que assentassem praça - soldo de sargento.
Aí recebeu o título de Bacharél e, principalmente sob a orientação de Benjamin Constant (a pessoa que mais influenciou sua vida, conforme declaração do próprio Rondon), foi iniciado na doutrina positivista, que adotou para o resto da vida.
- Vida profissional
A vida de Rondon, entre outras coisas nos presta para ilustrar uma situação que perdurou por muito tempo no Brasil e que só foi terminar no início do século XX. Qual seja: dada a pequeníssima quantidade de pessoas com educação de nível superior, as que tinham esse nível eram constantemente chamadas para fazerem parte de comissões governamentais, ou mesmo exercerem cargos políticos.
No caso de Rondon o desvio não foi tanto de função mas mais de vocação. Expliquemos. Já mencionamos acima que seu primeiro título foi de professor primário. Que tinha talento para professor foi reconhecido or Benjamin Constant que o nomeou professor assistente na Escola Militar em 1891. Esse parecia ser seu caminho natural. Com efeito, o próprio Rondon declara em sua biografia que "... as funções de professor, ( eram ) as quais me sentia com verdadeira vocação". Contudo, Gomes Carneiro, Chefe da Comissão de Construção de Linhas Telegráficas, convenceu Rondon a largar o ensino/estudos e ir para o sertão dedicar-se ao trabalho de colocação e manutenção de linhas e estações telegráficas conectando Cuiabá com o norte do país, Paraguai e Bolívia. Nesse serviço, Rondon ficou até cerca de 1920. Depois dessa época dedicou-se a outros serviços de natureza militar-diplomática, como inspeção de fronteiras, e nunca mais voltou a lecionar. Ainda em 1910, fundou o Serviço de Proteção aos Indios.
- Vida de professor
Foi curta, durou menos de um ano. Suas funções na escola Militar eram:
É de se observar que mesmo no sertão ele teve uso para esses conhecimentos. Com efeito, fêz medidas e cálculos astronômicos que permitiram determinar a latitude e longitude de mais de 200 localidades do até então desconhecido norte do país.
- professor interino de Astronomia
- professor repetidor de Mecânica Racional
- professor substituto do catedrático de Matemática Superior em suas faltas, o que nas palavras do próprio Rondon significava dar de improviso a aula que naquele dia deveria ser lecionada pelo catedrático, para o que precisava ter na ponta da língua toda a Matemática Superior.
- Vida de aposentado
Residindo no RJ/Copacabana, sempre tinha disposição para receber crianças e jovens para longas conversas sobre sua vida, notadamente no contato com populações indígenas durante e após a instalação das linhas telegráficas no centro-oeste e no norte do Brasil. As histórias de Rondon despertavam e construíam, com material indestrutível e perpetuo, o patriotismo e a brasilidade naquelas crianças e jovens que o escutavam.
Pena que seus ensinamentos verbais tenham se encerrado em janeiro de 1958, quando faleceu nos braços de Darcy Ribeiro e recitando princípios do catecismo positivista. (Gravou uma mensagem ao índios borôros que ficaram perplexos sem saber como entender aquilo. Darcy procurou explicar-lhes).
- Bibliografia
Esther de Viveiros- Rondon conta sua vida.
Livraria S. José, RJ, 1958.
Envie sugestões, críticas ou comentários para: J. F. Porto da Silveira
versão desta página: 22 de julho de 2 000, ampliada/revista em agosto/2019
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