BRASÍLIA, 10 de agosto de 2 000
A situação do ensino superior de Matemática
é pior que o de Medicina, de acordo com a Avaliação das
Condições de Oferta realizada este ano nas duas carreiras. Dos
307 cursos de licenciatura e bacharelado em Matemática inspecionados
pelo Ministério da Educação ( MEC ), quase a metade
( 45,2% ) recebeu
conceito insuficiente em pelo menos um dos três itens verificados - corpo
docente, organização didático-pedagógica e
instalações.
No caso específico das licenciaturas, foram avaliados 246 cursos, sendo
170 de Licenciatura Plena em Matemática e 76 cursos de
Ciências, com habilitação em Matemática. O resultado
foi estarrecedor:
72% desses cursos
tiveram sua organização didático-pedagógica
considerada irregular ou insuficiente.
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"O resultado é bastante preocupante", declarou o ministro Paulo
Renato Souza.
Para fazer frente à baixa qualidade do ensino nessa área, o governo
prepara um Programa Nacional de Qualificação, com o apoio de centros
de excelência e universidades federais em todos os estados. A idéia
é qualificar professores e reformular os currículos, se for o
caso. O projeto deverá ser iniciado ainda este ano.
A renovação do reconhecimento dos cursos de Matemática
seguirá, de um modo geral, as mesmas regras dos demais cursos.
Por isso, o MEC vai esperar a divulgação
dos resultados do Exame Nacional de Cursos (Provão) deste ano, antes
de definir a lista de faculdades passíveis de fechamento por falta de
qualidade. Isso porque, somente este ano, a área de Matemática está
completando a participação em três edições
do Provão, como determina a cartilha do MEC.
Assim, cursos que tirarem D ou E nas três edições do exame
serão submetidos à renovação do reconhecimento.
É provável que aqueles que tenham recebido dois conceitos insuficientes
na Avaliação das Condições de Oferta também
sejam incluídos nessa lista, independentemente do resultado no Provão.
Se isso ocorrer, 54 cursos já correm esse risco, pois foram considerados
insuficientes em dois ou até mesmo, no caso de cinco instituições,
em todos os itens avaliados. "Esses cursos devem rapidamente se mobilizar",
aconselhou o diretor de Política do Ensino Superior do MEC, Luiz Curi.
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