click aqui para voltar ao indice geral
|
Temos dois tipos de divisão por zero: a divisão de um número não nulo por
zero e a divisão de zero por zero. Os representantes protótipos desses tipos
são: a divisão 1/0 e a divisão 0/0. Essas duas divisões tem natureza bastante distinta:
|
A divisão 1/0: indefinida, ou impossível, entre os números Sendo a e b números, dizermos que a / b = c significa dizer que vale a = b . c . De modo que perguntar "quanto é um dividido por zero?" é o mesmo que perguntar "qual número, quando multiplicado por zero, dá um?". Obviamente, não existe nenhum tal número e então não podemos achar um resultado numérico para 1/ 0. Dizemos que a divisão 1 / 0 é indefinida; ou seja: é impossível escolher ( definir ) um número que possa ser atribuído como valor de 1/0. |
A divisão 1/0: contornando a indefinição com o infinito Como vimos acima, não existe nenhum número que possa ser visto como sendo o resultado da divisão 1 / 0. Contudo, muito frequentemente vemos pessoas argumentando da seguinte maneira: Como os quocientes 1/0.1 = 10 , 1/0.01 = 100 , 1/0.001 = 1000, etc vão crescendo sem limite, poderíamos pensar num novo objeto matemático, que chamaremos de infinito e que representaria uma quantidade imensamente grande, ou algo desse tipo e colocado com melhores palavras, e o qual seria visto ou definido como sendo o resultado de 1/0. Ou seja: 1/0 = infinito. De modo que 1/0, embora 1/0 seja indefinida no conjunto dos números, ficaria definido através do objeto não numérico infinito.O que pode-se dizer de uma tal tentativa de atribuir um resultado à divisão 1 / 0 ? Bem, isso até pode ser feito. Contudo,
Um exemplo de regra operatória para números que não podemos abrir mão é: b . a/b = a de modo que teríamos de aceitar a validade de: 0 . 1/0 = 1, ou seja: 0 . infinito = 1. Essa última igualdade produz contradições, pois teríamos:1 = 0 . infinito = 0 . ( 2.infinito) = 2 . ( 0 . infinito ) = 2 . 1 = 2 . Ou seja, acabaríamos chegando ao resultado absurdo: 1 = 2.Assim que, no instante que aceitarmos a divisão por zero, estaremos abrindo a porta do mundo das contradições. EXERCICIO: Qual palavra melhor descreve a atribuição " 1/0 = infinito" ?
Em cada caso abaixo, aponte uma dificuldade para se atribuir um resultado ao valor da operação:
Como ficaria a lei da associatividade frente ao cálculo: 1 + infinito - infinito ? EXERCICIO: Comente sobre a seguinte tentativa de se provar que 1/0 = infinito não tem significado:
Não é raro vermos alunos inteligentes sairem-se com o seguinte argumento: "Temos que 1/0 = 1, pois se eu for dividir meu bolo entre um total de três pessoas, ficaria com 1/3 do bolo; se dividir o bolo com nenhuma pessoa ficarei com o bolo inteiro". Comente sobre o erro do raciocínio. EXERCICIO: A partir do que foi visto acima, comente sobre o seguinte conselho: "não divida por zero, e se o fizer, esteja preparado para enfrentar as consequências". EXERCICIO: Mostre que tudo o que foi dito acima para 1/0 aplica-se à r/0 para qualquer número r não nulo. |
A divisão 0/0: seria possível definir 0/0 = 1? Poder-se-ia pensar que como 1/1 = 2/2 = 3/3 = ... = 1, seria natural definir 0/0 = 1. Contudo a divisão 0/0 traz embutida uma indeterminação, na medida que se definirmos 0/0 = 1 então seremos obrigados a concluir que 0/0 = 2, que 0/0 = 3 e que 0/0 = qualquer número que pensarmos. Com efeito, se 0/0 = 1 então 0/0 = (2*0)/0 = 2 * 0/0 = 2*1 = 2 e analogamente provaríamos que 0/0 = qualquer real que quisermos. Na prática, é bastante comum vermos alunos principiantes atribuirem valor para 0/0 e acabarem provando absurdos. Um exemplo típico: para qualquer número r, podemos escrever: r.r - r.r = r2 - r2, e então: r.(r-r) = (r+r)(r-r). Dessa última igualdade tiramos: r = r + r e, então: 1 = 2. Obviamente, o raciocínio acima envolveu uma divisão por zero; mais precisamente, foi usado que 0/0 = 1, o que raramente é atinado pelo aluno. |
A divisão 0/0: seria possível definir 0/0 = 0 ? Agora, parte-se da observação que 0/1 = 0/2 = 0/3 = etc = 0 e daí defende-se que 0/0 = 0. Essa "definição" é bastante interessante, na medida em que ela não produz a indeterminação associada a 0/0 = 1. Com efeito, o raciocínio que lá usamos, agora, não consegue produzir indeterminações pois: 0/0 = (2*0)/0 = 2 * 0/0 = 2 * 0 = 0, etc Contudo, a definição 0/0 = 0 também é inaceitável pois complica a Matemática e produz resultados não naturais. Com efeito, a clássica e básica regra:(a*b)/b = a se b não nulo ficaria modificada para:(a*b)/b = a se b não nulo Seja estudar o gráfico da função y = ( x2 - 1 ) / ( x - 1 ). Se aceitarmos a definição 0/0 = 0, poderíamos escrever nossa função como:
|
Resumo e conclusões:
Faça uma comparação detalhada entre os significados de indefinido e indeterminado EXERCICIO: Aponte dois erros no cálculo: 0 = 0 . 1/0 = 1. 0/0 = 1.1 = 1 EXERCICIO: A normalização da aritmética implementada nos computadores e calculadoras científicas é feita por standards do IEEE ( Institute of Electrical and Eletronics Enginnering ). Esses standards introduzem vários elementos não numéricos, com o objetivo de impedir que essas máquinas interrompam cálculos científicos onde, inadvertidamente, surjam operações do tipo 0/0 e 1/0. Mais precisamente, os standards da IEEE introduzem:
EXERCICIO: Mostre que nas calculadoras existem números reais r tais que: 1 + r = 1. Voce poderia pensar numa razão para darmos um carácter especial ao menor r > 0 tal que 1 + r > r ? EXERCICIO: Provavelmente o mais antigo documento que temos e com um matemático calculando com o zero é de Mahavira ( India, c. 850 dC), onde ele diz: um número multiplicado por zero é zero, e um número fica inalterado quando dividido por zero, somado ou diminuído de zero. Comente sobre o erro cometido por Mahavira. EXERCICIO: Passados 300 anos depois de Mahavira, suas colocações acerca do zero passaram a ser vistas como incorretas. Mas a situação ainda não estava completamente esclarecida. Com efeito, Bhaskara c. 1200:
|
click aqui para voltar ao indice geral