Escala diatônica
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Todas as escalas musicais empregadas na música ocidental não passam de variantes da escala diatônica. Ela teve origem na antiga Grécia.
O sábio grego Pitágoras acreditava que tudo
no universo está governado pelos números. Ele notou que, quando uma corda
esticada é posta em vibração, ela produz um certo som. Se o comprimento da corda
vibrante for reduzido à metade, um som mais agudo é produzido, que guarda uma
relação muito interessante com o primeiro. Para entender melhor o que Pitágoras
fez, vamos pensar na corda dó de uma viola ou violoncelo moderno. Quando
submetida a uma certa tensão, se a corda vibra em toda a sua extensão, ela
produz um som de uma certa frequência, que se convencionou chamar de dó. O
instrumentista varia o comprimento da corda vibrante, pondo o dedo em certas
posições na corda. O que Pitágoras fez foi dividir a corda segundo a sequência
de frações ,
,
,
.
Assim foram obtidas as notas que hoje nós chamamos dó, sol, fá, mi.
Como a frequência do som produzido por uma corda vibrante é inversamente
proporcional ao comprimento da corda, se atribuimos o valor 1 à frequência
fundamental da corda, as frequências das outras notas que acabamos de obter
resultam: mi = ,
fá =
,
sol =
.
Assim, as notas musicais são
geradas a partir de relações de números simples com a frequência fundamental. Ao
multiplicarmos a frequência de uma nota por 2, obtemos uma outra nota que recebe
o mesmo nome da anterior. Se multiplicamos a frequência por ,
obtemos uma nota que guarda com a anterior uma relação harmônica tão
interessante que ela recebe um nome especial: a dominante.
É claro que uma escala musical com só
quatro notas como a que obtivemos acima é muito pobre, mas a verdade é que todas
as notas musicais podem ser geradas a partir da dominante. Por exemplo, se
quisermos saber qual é a dominante do mi, só precisamos multiplicar a freqência
do mi por :
*
=
;
obtivemos assim uma outra nota, que chamamos de si.
Se multiplicarmos a frequência do fá por
obteremos a própria nota dó, provando assim que a dominante do fá é dó:
*
= 2
Já sabemos que sol é a dominante de dó; para saber qual é a dominante do
próprio sol, fazemos *
=
.
Obtemos então uma nota mais aguda que o segundo dó; dividindo sua frequência por
2 (para que ela fique na primeira gama que estamos tentando preencher),
*
=
- obtemos assim uma outra nota, que vamos chamar de ré.
Assim, seguindo o método acima, procurado achar a dominante de cada nota obtida (multiplicando sua frequência por 3/2), acabamos por obter a escala diatônica completa:
dó | ré | mi | fá | sol | lá | si | dó | |||||||
1 | 9/8 | 5/4 | 4/3 | 3/2 | 5/3 | 15/8 | 2 | |||||||
V | V | V | V | V | V | V | ||||||||
9/8 | 10/9 | 16/15 | 9/8 | 10/9 | 9/8 | 16/15 |
Percebemos que a dominante é o quinto grau da escala. Uma quinta acima do
dó está o sol; uma quinta acima do sol está o ré; uma quinta acima do ré está o
lá; assim, seguindo o ciclo das quintas,
obtemos todas as notas da escala diatônica e retornamos ao dó.
Para sabermos em que ponto da corda dó o instrumentista deve pôr o dedo para obter as notas sucessivas da escala diatônica, basta olharmos a figura abaixo:
Intervalos
O intervalo entre duas notas é definido da seguinte maneira: se a frequência de uma nota é f1, e a da outra
é f2, então o intervalo entre
elas é a razão .
Se esta razão for igual a 2, o intervalo é chamado de oitava
justa.
Outros intervalos também recebem nomes especiais: = quinta justa,
= quarta justa,
= terça
maior, = terça menor,
= tom maior,
= tom menor,
= semitom. O intervalo entre o tom maior e o tom menor, igual a 81/80, é
chamado uma coma pitagórica, e é considerado o menor intervalo
perceptível pelo ouvido humano.
Formação das escalas maiores
A escala que acabamos de obter também se chama a escala de dó maior. Se tivéssemos começado com a corda sol de um instrumento musical, e fizéssemos a mesmíssima divisão da corda que fizemos acima, obteríamos não mais a escala de dó maior, mas sim a escala de sol maior. A escala que criamos acima tem a seguinte distribuição de intervalos:
dó | ré | mi | fá | sol | lá | si | dó | |||||||
V | V | V | V | V | V | V | ||||||||
tom | tom | semitom | tom | tom | tom | semitom |
Suponhamos que queremos formar uma escala que soe melodicamente igual à
escala de dó maior, mas começando na nota sol.
sol | lá | si | dó | ré | mi | fá | sol | |||||||
V | V | V | V | V | V | V | ||||||||
tom | tom | semitom | tom | tom | semitom | tom |
A escala acima não soa melodicamente igual à escala de dó maior, e é
fácil ver porque. A distribuição dos semitons não é a mesma. Para que isto
aconteça, uma nota da escala tem que ser alterada. Mais precisamente, o fá tem
que subir um pouquinho para ficar mais próximo do sol e mais longe do mi. Ou
seja: dizemos que o fá tem que virar fá sustenido. Resolvendo uma equaçãozinha,
acharemos facilmente que precisamos multiplicar a frequência desta nota por
25/24.
Definição: Sustenir uma nota é multiplicar sua frequência por 25/24.
Similarmente, se quisermos criar uma outra escala que soe melodicamente igual à escala de dó maior, mas começando na nota fá, veremos que teremos que alterar uma nota da escala. Mais precisamente, o si vai ter que virar si bemol.
Definição: Bemolizar uma nota é multiplicar sua frequência por 24/25.