Nesta oficina, queremos trabalhar os aspectos mais relevantes envolvendo a resolução algébrica de desigualdades (ou inequações) . Importantes tarefas como traçado de gráficos, por exemplo, requerem que seja determinado previamente o conjunto de valores admissíveis para uma variável independente, que é o chamado domínio natural, no contexto de funções de uma variável real.Primeiro exemplo: considere variáveis x e y relacionadas por . Para ser um valor admissível para x, isto é para estar no domínio da função que determina y para valores x dados, x deve satisfazer e assim concluímos que determina o domínio ao qual x deve pertencer, uma vez que ou o numerador é nulo ou tem o mesmo sinal do denominador, que não pode ser nulo.
Segundo exemplo: considere variáveis x e y relacionadas por . Temos aqui uma função (ainda vagamente definida) que associa um valor x a um valor y que satisfaz a equação anterior, mas não temos uma expressão analítica. Para um valor de dado, a determinação de corresponde a solução de uma equação do segundo grau (em ). Assim, para a existência de raizes reais, e necessário que , ou seja, que , o que então determina uma restrição para os valores de .
Sobre as regras mais essenciais para a manipulação de desigualdades, lembramos que são assunto da Escola Básica, e indicamos recursos aqui; aqui e aqui.
A classificação a seguir norteará o desenvolvimento dessa oficina.
- Caso 1 (E1): desigualdades do primeiro grau.
- Caso 2 (E2): desigualdades do segundo grau.
- Caso geral com termos fracionários: usamos análise de sinais.
- Teste seus conhecimentos sobre esta oficina. Exercícios caso E1 aqui, caso E2 aqui.
Caso 1 - desigualdades do primeiro grau.
Podem ser reduzidas a ou onde pode ser negativo. São as que tem solução mais simples.(A): resolver a desigualdade
e assim
Caso 2 - desigualdades do segundo grau.
Em muitas situações, a desigualdade é manipulada até obter-se uma inequação do segundo grau, que pode ser reduzida aou , onde pode ser negativo. A solução então emprega fatos sobre o sinal de parábolas :
Veja os dois desenvolvimentos abaixo.
- (i) caso não existam raízes reais, então o sinal é constante e basta avalia-lo em algum ponto para descobri-lo;
- (ii) senão, se a parábola volta-se para cima, anula-se nas raízes, é negativa entre elas, e positiva no resto da reta real;
- (iii) senão, se a parábola volta-se para baixo, anula-se nas raízes, é positiva entre elas, e negativa no resto da reta real.
(B): resolver a desigualdadeCalculamos . Trata-se de uma parabola voltada para cima que possui 2 raizes reais. Portanto assume valores negativo a esquerda da menor raiz e a direita da maior. Segue .
(C) e a equação do segundo grau tem raízes: e e portanto determina o domínio ao qual x deve pertencer.
Caso 3 - desigualdades cuja solução passa por análise de sinais.
Uma estratégia mais complexa, mas que, com o devido cuidado, sempre funciona, consiste em escrever a desigualdade colocando todos os termos em um único lado, dessa forma comparando com zero uma expressão da forma , mas tal que os termos e possam ser escritos como produto de termos simples, isto é fatorados. Uma vez que todos os fatores forem determinados, podemos determinar a resposta da desigualdade combinando as réguas de sinal de todos os termos envolvidos, como nos exemplos que seguem.
(D) Para determinar o domínio da função :
e precisamos analisar e combinar as réguas de sinais dos fatores e , construindo a régua de sinais de :
e então ou ainda .(E) e então, para tornar a análise mais simples, tornamos positivos os termos de mais alto grau (numerador e denominador):
e como o numerador tem raízes e e o denominador é simples, escrevemos e construímos
e assim .(F): resolver a desigualdade
como o denominador é positivo, é equivalente a
(G): resolver a desigualdade
como o numerador é positivo, é equivalente a
(H): resolver a desigualdade
e então concluímos
após analisar
JBC, 03/03/2015, 30/7/2015, 16/9/2017